FALO DE TI AO MAR QUE SE FAZ ESTRADA


Falo de ti, ao mar, que se faz estrada,
E há lua, que é esclera, como o teu olhar.
Falo, há falésia, por si bem tratada,
Vestida de verde escuro a ornar:

Falo, há areia, que não me dizem nada,
Recordando a terra lavrada por bem aceitar;
A dura charrua, em loucura penetrada,
Nas entranhas húmidas a rasgar:

Falo, ao desejo, há fantasia, revoada,
De um momento de amor que estou a recordar;
Na fulgência de uma obra já acabada.

E o meu olhar no espaço está a brilhar,
Entre rochas, mar, estrelas, ondas, em jornada;
Estando eu de mente encantado a falar.
   
autor
António Almeida