GRITO COM O MEU OLHAR
A ARDER EM CHAMA
Grito, com o meu olhar a arder em chama.
Grito, por te querer mais e mais te querer, afano;
Os teus lábios entre os meus num sício insano,
Gerando mil desejos no meu corpo em flama.
Amplexo o teu sublime corpo, sem drama,
Ateando fogo e mais fogo, sobre fogo, mago, ufano;
Bulindo-te a carne em labaredas há dor tirano,
Sem misericórdia a flamejares sobre a cama.
E sombras de dois vultos bailam à fama;
Do amor que se aspira por quem é ao amor soberano,
Executando movimentos intensivos que inflama.
Nesta noite que grito, sei lá eu! Se leviano;
Sendo-me desigual deixar de ouvir amar quem me ama,
Até que se extinga este meu intenso calor humano.
autor
António Almeida