Zanguei-me, de manhã com a lua,
Sem nenhuma razão, fortemente palpável.
Todo o dia andei, com a minha mente, na sua,
E uma terrível mágoa insuportável.
À noite, regressei a casa, triste da rua,
Com rosas na mão, de pago, ao perdão desejável.
Qual foi o meu espanto, em ver ela toda nua,
Com um maravilhoso sorriso adorável.
E ao olhar, de uma discreta nuvem ingênua,
Ao som, dum sopro, do vento, em melodia afável;
Beijamos vinhos, à vela de uma noite mútua.
Que me embriagou, e me levou ao inegável,
Reconhecimento de quem ama, perdoa, não amua;
Reconhecimento de quem ama, perdoa, não amua;
Pois só assim se tem, um sólido amor saudável.
autor
António Almeida