ONDE VAIS TEMPO QUE EU MALHO


Onde vais, tempo que eu malho,
Porque te apressas, lúgubre de mim.
Sei certo, que pouco para ti, eu valho,
Porque será, que és assim, tão ruim.

Por caminhos, eu corro, atalho,
Como outros, que me desvio, por fim.
Sobre outros, que de misteriosos falho,
Entre outros e mais outros, enfim. 

Nasce o sol, evapora o orvalho,
Parasitas da Terra, todos em festim.
Neste mundo, tudo se reduz a borralho,
Nasce e morre, neste lindo jardim.

Sobre mim, erguesse o grisalho,
Contando os anos, que te açodas assim.
Que me importa que te aligeires bandalho,
Se ainda ando atrás de ti no confim.

autor
António Almeida