Quantas vezes o amor dura anos
Quantas vezes os anos são oceanos
Quantas vezes os olhares quotidianos
Não são mais do que dias de danos
Quantas vezes não somos humanos
Quantas vezes dos humanos enganos
Quantas vezes de manhã se faz planos
E há noite se desfaz os desenganos
Quantas vezes nos tornamos soberanos
E só o sedimento do amor é de serranos
Os corpos abusam de autoridade tiranos
Quantas vezes de certo míseros profanos
Sãs, choramos; horas, dias, anos, insanos
E, quantas vezes somos de novo diáfanos
autor
António Almeida