ADORO UMA TERRA ALVORAÇADA
Adoro, uma Terra alvoraçada,
Que goste, a bem seu, de ser bem, tratada.
Seja de tarde, de noite, de madrugada,
Sempre feliz, a se abrir, à enxada.
Sempre feliz, a se abrir, à enxada.
Onde fortemente lhe dê, pancada,
Com que a rasgue e não a rasgue nada.
Em que dura, lhe aponte, na entrada,
E ao fundo, lhe é, penetrada.
Num vai vem, a bem ser, cavada,
Em fogo, que arde, sem arder, baldeada,
Na dor, que dói, sem doer, anestesiada.
Aguentando-se no desespero molhada,
Não querendo mais e mais querendo lavrada,
Por um doido delírio de orgasmo atacada.
autor
António Almeida