MEU AMOR EU CANTO HÁ NOITE


Meu amor, eu canto há noite, a vadiar,
Por que não te tenho aqui, ao pé de mim;
Quanto mais, quero eu, ver ela a passar,
Seja mesmo em infeliz mágoa estar,
É o meu consternado fado assim.

Canto com a tristeza, a me rodear,
Que me atormenta de saudades por ti enfim;
Quanto mais não quero eu em ti pensar,
Anda meu pobre coração a sangrar,
Mas que sorte de vida tão ruim.

Cantarei, até um dia me apagar,
Cantarei sempre o meu fado num festim.
Cantarei, até que minha voz se cansar,
Ao lado de uma guitarra a chorar,
Cantarei, o meu fado até ao fim.

E minha dor, aliviarei a cantar,
Com tudo o quanto à de desalento e afim.
Pois sei, que assim, não me vão troçar,
No meu infortunado fado vão andar,
E cantando-o, não se riem de mim.

autor
António Almeida