NA MINHA CAMA SÓ ME DEITO PARA DORMIR

Na minha cama, só me deito para dormir,
E sem adormecer, por vezes, ponho-me a sonhar.
Não é que a dormir, eu não sonhe, a te ouvir,
Mas não é o mesmo de endoidar.

Sonho horas e horas infinitas, a te consumir,
Outras tantas, no teu admirável olhar a vaguear.
Sempre, sobre mim, teu corpo quente a pedir,
Afagos murmurantes do verbo amar.

E o meu sangue, corre disperso a emergir,
Numa febre 
clamorosa de te querer encontrar,
Das saudades dolorosas de te poder sentir.

Que não são mais, que devaneios no ar,
Dos desejos de um tanto, tanto te querer invadir,
Sem pensar que de saudades louco posso ficar.

António Almeida